CONFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS COMO OPÇÃO PARA REUTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
1JAQUELINE APARECIDA PREVIATO , 2MATEUS BARBIERI MARRIQUE, 3LUCAS ROCHA FRANCEZ, 4ALLANA RIBEIRO MENDES
1Acadêmica do curso de Engenharia Civil da UNIPAR
1Acadêmico do Curso de Engenharia Civil da UNIPAR
2Acadêmico do Curso de Engenharia Civil da UNIPAR
3Docente da UNIPAR
Introdução: Atualmente o uso de práticas sustentáveis nos mais diversos setores vêm sendo discutidas. Desta forma, conferências mundiais estão pautando soluções para os problemas ambientais (CORRÊA, 2009). Pois de acordo com John (2004) o setor da Construção Civil é muito questionado, pois, usufrui uma média de 20 a 50% do total de recursos naturais utilizados pela sociedade. À vista disso, métodos construtivos sustentáveis vêm sendo estudados, buscando relacionar baixo custo de produtividade, garantia na qualidade da obra e zelo com o meio ambiente. Assim, o uso de resíduos da construção torna-se uma opção que se ajusta ao conceito sustentável, impedindo que sejam descartados na natureza (SOUZA, 2008). O solo-cimento é gerado pela mistura compacta de solo, cimento Portland e água, formando um material duravel e resistente. O tijolo solo-cimento apresenta vantagens em relação ao sistema convencional, as quais estão o controle de perdas, disponibilidade de abastecimento (solo abundante), baixo custo, durabilidade, segurança estrutural, funcionalidade, eficiência construtiva, baixa agressividade ambiental, pois a queima é dispensada (GRANDE, 2003).
Objetivo: O objetivo geral deste trabalho é realizar a confecção de tijolos vazados de solo-cimento com substituição parcial do solo, nas proporções de 10%, 15% e 20%, por resíduos de classe A da construção civil (CONAMA n° 307/2002).
Metodologia: Conforme as especificações das normas NBR 8491/2012 e NBR 10833/2012 foram realizados a caracterização e preparo do solo e resíduos a serem utilizados para a fabricação dos tijolos. O solo empregado foi retirado da cidade de Paranavaí-PR e analisado conforme a NBR 7180/2016, NBR 6459/2016 e NBR 7181/2016. Os resíduos utilizados foram corpos de prova de concreto destinados ao descarte por centros de concreto usinado da cidade de Paranavaí-PR, triturados para sua utilização e caracterizados conforme a NBR NM 248/2003. O traço referencial de pesquisa é de 1:10 (Cimento:Solo), foi determinado três traços com substituição parcial do solo por resíduos, sendo os seguintes, 1:9:1; 1:8,5:1,5; 1:8:2 (Cimento:Solo:RCC), utilizando relação água/cimento de 0,65 e produzidos de acordo com a NBR 10833/2012. Foram moldados doze blocos por traço para determinação de resistência mecânica com idades de 7,14 e 28 dias e do índice de absorção de água aos 28 dias, conforme a NBR 8492/2012.
Resultados: Utilizando o ensaio de Granulometria (NBR 7181/2016), Limite de Liquidez (NBR 6459/2016) e Limite de plasticidade (NBR 7180/2016), verifica-se que o solo empregado possui grãos com diâmetro máximo de 1,18mm, modulo de finura de 3,79mm, e Limite de Liquidez de 16% e Índice de Plasticidade de 3,48%. Por mais, os resíduos possuem um diâmetro máximo de 4,75mm e modulo de finura de 5,23mm conforme a análise granulométrica (NBR NM 248/2003). As resistências médias obtidas a partir do ensaio de resistência a compressão simples das amostragens de tijolos foram: para o traço 1 Fc7: 1,0 Mpa; Fc14: 1,83 Mpa; Fc28: 2,03 Mpa. Já o traço 02 foi obtido Fc7: 1,47 Mpa; Fc14: 1,7 Mpa; Fc28: 2,17 Mpa. Por fim o traço 03 resultou em Fc7: 1,43 Mpa; Fc14: 1,63 Mpa; Fc28: 1,87 Mpa. O índice de absorção de água aos 28 dias foram: 13,63% para o traço 1, 13,94% para o traço 2 e 14,33% para o traço 3.
Discussão: Os resultados da análise física do solo apresenta um solo arenoso, se enquadrando nos requisitos para a mistura de solo-cimento, em que a recomendação é que o solo apresente LL ≤ 45% e IP ≤ 18% (NBR 10833/2012). A resistência a compressão dos tijolos e índice de absorção de água para o traço 1 e 2 aos 28 dias de idade, apresentam resistência média superior a 2,0 Mpa e índice de absorção inferior de 20%, sendo valores estabelecidos na NBR 8491/2012. O Traço 3, na idade de 28 dias, apresentou uma resistência média inferior a 2,0 Mpa e índice de absorção inferior a 20%.
Conclusão: Os resultados da resistência a compressão e de absorção de água dos tijolos com traço 1:9:1 e 1:8,5:1,5 apresentaram valores satisfatórios, de acordo com a norma vigente. Já as amostras do traço 1:8:2, não atingiram o valor de resistência mínima exigida por norma, desta maneira, o lote deverá ser rejeitado. Percebe-se uma diminuição da resistência à compressão à medida que é substituído parte do solo por resíduos. Além de resultar em um produto com difícil moldagem à proporção que a quantidade de resíduos na mistura sofria aumento. Em razão disso, nota-se que as misturas com adição de resíduos necessitam de uma maior quantidade de ligante, o que já era esperado, pois estes materiais apresentaram maior porosidade do que os convencionais. Por fim, pode-se concluir que de acordo com os resultados obtidos, nota-se uma diminuição da resistência à compressão e consequente aumento da absorção de água, em razão da porosidade dos tijolos produzidos. Visto que a resistência mecânica de um material comporta-se inversamente proporcional a sua absorção de água.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT, Rio de Janeiro. NBR 6459 - Solo Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 2016.5p
_______.NBR 7180 Solo Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 2016.3p
_______.NBR 7181 - Solo Análise Granulométrica. Rio de Janeiro, 2016.12p
_______.NBR 8491 Tijolo de solo-cimento - Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.5p
_______.NBR 8492 Tijolo de solo-cimento Análise dimensional, determinação da resistência à compressão e da absorção de água Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2012.4p
_______.NBR 10833 Fabricação de tijolo e bloco de solo-cimento com utilização de prensa manual ou hidráulica Procedimento. Rio de Janeiro, 2012.3
_______.NBR NM 248 - Agregados Análise da composição Granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.6p
BRASIL, Resolução CONAMA n°307, de 5 de julho de 2002. Gestão de resíduos da construção civil. Publicado no D.O.U. de 17 julho 2002.
CÔRREA, L. R. Sustentabilidade na construção civil. 2009. 70p. Monografia (Especialização em Construção Civil) - Departamento de Engenharia de Materiais e Construção, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, 2009. Disponível em: < https://bit.ly/2QaeRXS >. Acesso em: 08 ago. 2018
GRANDE, F. M. Fabricação de tijolos modulares de solocimento por prensagem manual com e sem adição de sílica ativa. 2003. 165 f. Dissertação (Mestrado) Universidade de São Paulo, São Carlos, 2003. Disponível em: < https://bit.ly/2NWtAUL> Acesso em 07 ago. 2018
JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: Contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo: Escola Politécnica/USP, 2000. 102p. Tese Livre Docência. Disponível em: < https://bit.ly/2QahjO4 >. Acesso em: 08 ago. 2018
SOUZA, M. I. B.; Análise da adição de resíduos de concreto em tijolos prensados de solocimento. Ilha Solteira, 2006, 122p. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista. Disponível em: < https://bit.ly/2ColqDi> Acesso em 07 ago. 2018