INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE EXTRAÇÃO NA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS RIZOMAS DE Curcuma longa L.
1AILTON DA CRUZ MELO, 2JULIANA PELISSARI MARCHI, 3ALANNA FERNANDES DE CASTRO, 4CINTIA DE SOUZA ALFERES, 5SAMANTHA WIETZIKOSKI SATO, 6EVELLYN CLAUDIA WIETZIKOSKI LOVATO
1Acadêmico bolsista do CNPQ/UNIPAR
1Docente da UNIPAR
2Acadêmica bolsista do CNPQ/UNIPAR
3Docente da UNIPAR
4Docente da UNIPAR
5Docente da UNIPAR
Introdução: A extração dos componentes ativos da C. longa pode ser realizada por meio de diversas técnicas, dentre elas, hidroestilação por clevenger para obter óleo essencial, extração em banho de ultrassom, extração em aparelho tipo Soxhlet, refluxo, turbólise, percolação, decocção, infusão, maceração com extração a partir de solvente (hexano, álcool etílico, metanol, acetona, água). A maceração dinâmica utiliza um recurso mecânico para manter o material em agitação constante, a estática mantém o material em repouso, promovendo uma agitação ocasional do material e a com esgotamento usa a renovação de solvente constante (PEREIRA; STRINGHETA,1998; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015;). Na obtenção de um extrato seco, o processo de secagem deve ser realizado de forma que não interfira nas características e propriedades, ou seja, é necessário evitar alterações indesejáveis e manter a qualidade do produto seco (SANTOS, 2008; FERNANDES; OLIVEIRA, 2013). Atualmente encontram-se duas técnicas principais para secagem do extrato: a liofilização e o spray drying (FERNANDES; OLIVEIRA, 2013; SIMÕES et al., 2017). Para se eleger o método de secagem mais adequado devem ser observadas as propriedades físico-químicas do extrato, o solvente utilizado e a finalidade do produto (FERNANDES; OLIVEIRA, 2013).
Objetivo: Avaliar a composição química de duas preparações de extrato de C. longa, sendo uma formulação simples (extrato bruto) e outra com técnicas industriais (extrato seco por spray drying).
Metodologia: Foram realizados dois extratos, sendo um o extrato bruto obtido pelo processo de maceração dinâmica com esgotamento de solvente e o outro o extrato seco obtido pelo processo de spray drying.
Resultados: A composição química do extrato bruto de C. longa foi obtida pelo processo de maceração dinâmica com esgotamento de solvente e analisado por cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massa (GC-MS). No total foram identificados 117 compostos, representando 99,43% dos componentes voláteis da amostra. Os sesquiterpenos oxigenados foram os compostos dominantes, compreendendo 6,05%, seguido pelos sesquiterpenos hidrocarbonetos com 22,22% da amostra. As substâncias majoritárias identificadas foram ar-turmerone (9,70%), γ-curcumene (8,55%), α-turmerone (7,30%) e β-sesquiphellandrene (6,78%). Já a composição química do extrato seco obtido pelo processo de spray drying e analisado por cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massa (GC-MS) demonstrou um menor número de compostos identificados (9), representando 100% dos componentes voláteis da amostra. As substâncias majoritárias identificadas foram 9,12,15-Octadecatrienoic acid, 2,3-bis[(trimethylsilyl)oxy]propyl ester, (Z,Z,Z)- (32,0%), verrucarol (29,0%) e 1-Monolinoleoylglycerol trimethylsilyl ether (21,0%).
Discussão: Nesta pesquisa, foram coletados os rizomas de C. longa do mesmo canteiro e realizado dois processos de preparação de extrato: 1) extrato bruto de C. longa pelo processo de maceração dinâmica com esgotamento de solvente e 2) extrato seco de C. longa pelo processo de spray drying. Após a avaliação da composição química dos dois extratos, foi possível observar baixa expressão de curcuminóides no extrato bruto (γ-curcumene - 8,55%) e ausência no extrato seco obtido por spray drying. Uma explicação pode estar relacionada ao pH do solo que interfere com os níveis de curcumina, uma vez que a maior estabilidade da molécula de curcumina é encontrada em faixas de pH entre 4,0 e 7,0. pH inferior a 4,0 e superior a 7,0 torna a curcumina instável, aumentando a velocidade de degradação da molécula (TONNESEN; KARLSEN, 1985; RUSIG; MARTINS, 1992). A ausência de curcumina no extrato seco por spray drying pode ainda estar relacionada ao fator temperatura, uma vez que o extrato passou por temperaturas de 175°C durante o processo. A temperatura e a luminosidade interferem na estabilidade da curcumina, até 100°C não ocorre perda significativa de curcumina, a partir de 125°C ocorre degradação do composto em 15,25% comparado aos níveis iniciais (RUSIG; MARTINS, 1992). Na avaliação por GC-MS, observou-se que o número de compostos presentes no extrato seco por spray drying é reduzido, entretanto, encontra-se substâncias majoritárias com um alto percentual, sendo: 9,12,15-Octadecatrienoic acid, 2,3-bis[(trimethylsilyl)oxy]propyl ester, (Z,Z,Z)- (32,0%), verrucarol (29,0%) e 1-Monolinoleoylglycerol trimethylsilyl ether (21,0%). As substâncias majoritárias encontradas no extrato bruto obtido pelo processo de maceração dinâmica com esgotamento de solvente foram ar-turmerone (9,70%), γ-curcumene (8,55%), α-turmerone (7,30%) e β-sesquiphellandrene (6,78%), porém apesar de terem sido os majoritários apresentam-se em baixas concentrações.
Conclusão: Diferentes processos de extração e preparação dos rizomas de C. longa podem alterar a expressão dos componentes químicos e consequentemente alterar sua atividade biológica, evidenciando dessa forma a importância em estabelecer os parâmetros de extração dos componentes químicos.
Referências
FERNANDES, M. R. V.; OLIVEIRA, W. P. Padronização e avaliação biológica de extratos secos de Psidium guajava L. obtidos por spray drying. 2013. 259 f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2013
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Monografia Da Espécie Curcuma longa L. (cúrcuma). Brasília: Ministério da Saúde/Anvisa, 171 p., 2015.
PEREIRA, A. S.; STRINGHETA, P. C. Considerações sobre a cultura e processamento do açafrão. Horticultura Brasileira, v. 16, p. 102-105, 1998.
RUSIG, O., MARTINS, M.C. Efeito da temperatura, do pH e da luz sobre extratos de oleorresina de cúrcuma (Curcuma longa L.) e curcumina. Ver. Bras. de Corantes Naturais, Viçosa, v. 1, n. 1, p. 158-64.1992.
SANTOS, O. B. dos. Produção de extratos vegetais fitoterápicos: cartilha, passo a passo. 2008.
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: Do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. 502 p.
TONNESEN, H.H.; KARLSEN, J. Studies on curcumin and curcuminoids. VI. Kinetics of curcumin degradation in aqueous solution, Z Lebensm Unters Forsch, V.180, p. 402-404, 1985.