COMPOSIÇÃO FITOQUÍMICA DA Curcuma longa L. E SUA AÇÃO SOBRE A BACTÉRIA Pseudomonas aeruginosa  


1MAIARA LUZIANA TIEPO, 2KARINE LUANA CANTELLI, 3JULIANA PELISSARI MARCHI, 4LEONARDO GARCIA VELASQUEZ, 5EVELLYN CLAUDIA WIETZIKOSKI LOVATO, 6LUCIANA PELLIZZARO


1Discente de Estética e Cosmética, PIC/UNIPAR
1Discente de Estética e Cosmética, PIC/UNIPAR
2Docente de Estética e Cosmética, UNIPAR
3Docente do Mestrado Profissional em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica, UNIPAR
4Docente do Mestrado Profissional em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica, UNIPAR
5Docente da Unipar

Introdução: A Curcuma longa L. (cúrcuma, açafrão-da-terra) é uma planta da família Zingiberaceae, conhecida na culinária por proporcionar cor e sabor característicos aos pratos e na medicina asiática por sua ação na terapêutica. Também pode ser encontrada comercialmente como pó, oleoresina e como extrato de curcumina. Vários estudos revelam seu potencial diurético, antimicrobiano, antifúngico, antiviral, redutor do nível de colesterol, anti-inflamatório, antiartrítico, antioxidante, antitumoral e neuroprotetor (TAKEUCHI, 2012; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015; MARCHI et al., 2016). Sua ação antimicrobiana deve-se ao fato de gerar degradação da parede celular e ruptura da membrana citoplasmática dos micro-organismos, causando alterações na síntese de DNA e RNA, no transporte de elétrons e na absorção de nutrientes (SANTOS, 2015; ALVARÉZ, ORTIZ e MARTINEZ, 2015; FIGUEIRA, 2017). Pseudomonas aeruginosa pertencente à microbiota normal da superfície de plantas, animais e pele humana; é uma bactéria gram-negativa aeróbica, também encontrada em ambiente hospitalar, onde coloniza trato respiratório, gastrointestinal e pele de pacientes causando-lhes infecções (PESSOA, 2013; FIGUEIRA, 2017). Estudos demonstram que P. aerugionosa já foi controlada por alguns extratos vegetais, como os da Portulaca pilosa, planta herbácea com potencial antimicrobiano, cujo extrato etanólico bruto ocasionou inibição nas concentrações de 500 e 250 µg/mL (SARAIVA, 2012). 
Objetivo: Identificar os compostos fitoquímicos da Curcuma longa e avaliar sua ação antimicrobiana sobre a bactéria Pseudomonas aeruginosa.
Material e métodos: O Extrato bruto seco (EBS) (spray drying) e a oleoresina (OR) foram obtidos a partir dos rizomas de C. longa. Ambos passaram por avaliação fitoquímica por cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massa. Para o teste, EBS e OR foram dissolvidos em água e tween 80 a 2%, respectivamente, em uma concentração de 500 mg/mL. As cepas da bactéria P. aeruginosa no padrão estabilizado foram ativadas, replicadas e depois diluídas em solução salina estéril (0,9%) para obtenção de uma suspensão 1:10. Para avaliar a ação da cúrcuma, nos poços da placa foram adicionados 120 μL de meio TSB, 178 μL da suspensão do EBS ou da OR e 18 μL da suspensão de P. aeruginosa; a partir da concentração inicial (500 mg/mL) diluiu-se sequencialmente essa composição nas concentrações de 250; 125; 62,5; 31,25; 15,62; 7,81 e 3,9  mg/mL. Em outros poços foram adicionados 160 μL de TSB, 28 μL de ceftriaxona sódica e 20 μL da suspensão da bactéria para controle positivo. Para o controle negativo usou-se: TSB e bactéria; TSB, bactéria e diluente (água ou tween). Em outros poços testou-se a pureza: TSB; TSB e C. longa; TSB e diluente (água ou Tween). O procedimento foi feito em quintuplicata Após um período de incubação de 24 horas, 10 μL de CTT a 2% foram adicionados nos poços e após três horas avaliou-se a mudança da sua cor (incolor) para vermelho, que reflete metabolismo bacteriano ativo e prova negativa do efeito inibitório do EBS e da OR testados ou do antibiótico.
Resultados: A avaliação fitoquímica apontou que os componentes majoritários da OR foram ar-turmerone (9,70%), γ-curcumene (8,55%), α-turmerone (7,30%) e β-sesquiphellandrene (6,78%); enquanto os componentes majoritários do EBS foram 9,12,15-Octadecatrienoic acid, 2,3-bis[(trimethylsilyl)oxy]propyl ester, (Z,Z,Z)- (32,0%), verrucarol (29,0%) e 1-Monolinoleoylglycerol trimethylsilyl ether (21,0%). Quanto à ação bacteriana, EBS e OR de C. longa não inibiram o crescimento de P. aeruginosa em nenhuma das concentrações.
Discussão: Os extratos de C. longa não foram efetivos, nas doses avaliadas, contra P. aeruginosa. Takeuchi (2012) concluiu em seu estudo que para P. aeruginosa não há dados relacionados de concentração inibitória mínima dos antimicrobianos curcumina e oleoresina. A análise fitoquímica dos extratos feita neste estudo demonstrou ausência de curcuminoides para o EBS e baixa concentração de curcuminoides para a OR, fato esse que pode estar relacionado à ausência da ação antimicrobiana da C. longa contra a P. aeruginosa, tendo em vista esses serem os principais compostos ativos. Já um estudo realizado por Santos (2015), que utilizou microcristais de curcumina e curcumina livre, constatou ação antimicrobiana contra P. aeruginosa, e à medida que as soluções se tornaram mais diluídas foram perdendo a ação inibitória, ou seja, houve um efeito dose-dependente. Da mesma forma, avaliando a atividade antimicrobiana da curcumina in natura e das nanopartículas contra P. aeruginosa, Silva (2016) concluiu que a curcumina inibiu 33 % do crescimento dos micro-organismos em concentração de 125 μg/mL-¹, e 20% em concentração de 62,5 μg.mL-¹, ou seja, também houve ação dose-dependente.
Conclusão: No presente estudo, o EBS por spray drying e a OR da cúrcuma não inibiram o crescimento de P. aeruginosa em nenhuma das concentrações, possivelmente pelo fato de haver baixa concentração dos princípios ativos. Pode-se observar por outros estudos que o isolamento dos curcuminoides possivelmente poderia inibir essa bactéria. Todavia, este estudo servirá de base para novas pesquisas.

Referências
ÁLVAREZ, N. M.; ORTIZ, A. A.; MARTINEZ, O. Actividad antibacteriana in vitro de Curcuma longa (Zingiberaceae) frente a bacterias nosocomiales em Montería, Colombia. Rev.Biol. Trop., v.64, n. 3, p. 1201-08, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Monografia da espécie Curcuma longa L. Brasília: MS, 2015.
FIGUEIRA, L. W. Efeito do extrato de Curcuma longa L. sobre infecções in vitro por Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans em macrófagos murinos. 2017. 48 f. Dissertação (Mestrado em Biopatologia Bucal) – Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho”, São José dos Campos, 2017.
MARCHI, J. P. et al. Curcuma longa, o açafrão-da-terra e seus benefícios medicinais. Arq. Ciênc. Saúde Unipar.  v. 20, n. 3, p. 189-94, 2016.
PESSOA, V. S. Pseudomonas Aeruginosa: epidemiologia e resistência a antimicrobianos em hospital universitário do sudeste do Brasil. 49 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2013.
SANTOS, P. D. F. Avaliação da atividade antimicrobiana de microcristais de curcumina. 2015. 34 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso Superior de Engenharia de Alimentos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2015.
SARAIVA, R. M. C. Atividade antimicrobiana de plantas medicinais frente à bactérias multirresistentes e a sua interação com drogas antimicrobianas. 96 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2012.
SILVA, A. C. Avaliação da atividade antimicrobiana de nanopartículas de curcumina e aplicação de microcristais de curcumina em cenoura minimamente processada. 46 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2016.
TAKEUCHI, A. P. Caracterização antimicrobiana de componentes do açafrão (Curcuma longa L.) e elaboração de filmes ativos com montimorilonita e óleo resina 59 f. Dissertação - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2012.