USO EFICIENTE DA TERRA NO CONSÓRCIO ENTRE A ALFACE E A COUVE  


1Bianca Rockenbach, 2ANNE KATHLEEN OLIVEIRA, 3LUCAS ROCKENBACH, 4FERNANDO DE LIMA CANEPPELE, 5EMMANUEL ZULLO GODINHO


1Discente Colégio Agrícola Estadual de Toledo - CAET
1Discente Colégio Agrícola Estadual de Toledo - CAET
2Discente do curso de agronomia - PUC-PR
3Docente do curso de Doutorado na UNESP
4Docente do curso Técnico Agropecuário - CAEAAC

Introdução: A alface (Lactuca sativa L.) cultura folhosa de ciclo anual, pertence à família Asteracea, originária de clima temperado. Esta hortaliça tem ampla importância no território brasileiro devido a geração de emprego e renda, principalmente no estado do Mato Grosso (HEREDIA ZÁRATE et al., 2010). Existem diversas variedades de cultivares de alface no mercado, em diferentes formatos, tamanhos, colorações e adaptações edafoclimáticas (REIS et al., 2013). Além disso, sua raiz se dá em forma pivotante, podendo atingir até 60 centímetros de profundidade e com ramificações finas e curtas (FILGUEIRA, 2000). De acordo com OLIVEIRA CARDOSO et al. 2017, pode ser utilizada para consorciação a folhosa couve-folha, obtendo grande valor agregado aos produtores. Esta pertence à família Brassicaceae, seu consumo vem gradativamente aumentando, devido a sua implementação e as suas propriedades nutricêuticas. Devido ao seu cultivo ser em espaçamento largo (1,0 m x 0,5 m) é possível que haja consórcio com outra cultura na mesma área. Além dos benefícios de consorciação são necessários mais experimentos para o melhor entendimento dos efeitos desta pratica cultural, principalmente em hortaliças com grande expressividade no mercado produtivo. Bem como a identificação de cultivares e ajuste dos arranjos espaciais para melhorar a utilização dos recursos naturais e a efetividade desse consórcio (SALGADO et al., 2006).
Objetivo: Conforme citado o presente trabalho tem por objetivo avaliar a viabilidade econômica do consorcio entre o alface e a couve.
Material e métodos: O experimento foi conduzido em condições de campo, no período de março a maio de 2019, na área experimental localizada no Colégio Agrícola Estadual Adroaldo Augusto Colombo (CAEAAC), em Palotina, Paraná, Brasil. O solo da área experimental não necessitou de correções com calcário e/ou com uma adubação especifica, mesmo assim foi aplicado 15 dias antes do plantio 15 kg ha-1 de “esterco bovino curtido” na base seca como fonte de nutrientes, sendo incorporado nos canteiros com manuseio manual com enxadas. Na semana que antecedeu o plantio foi aplicado o adubo de solo 5-10-10 NPK na dosagem de 100 g tratamento-1, o experimento foi feito em triplicata. Os canteiros (parcelas) tiveram como área de experimentação, 4,8 m de comprimento com 4,0 m de largura, totalizando 19,2 m². O espaçamento utilizado para o cultivo da alface de 0,25 x 0,25 m, e a couve-folha de 0,8 x 0,8 m. Sendo plantado 5 plantas de couve-flor por linha com 4 linhas e a alface 8 plantas por linha sendo 10 linhas. As mudas de alface foram produzidas previamente em bandejas de 288 células, em viveiro de mudas coberto com filme plástico e telado nas laterais, durante 20 dias, até o transplante. O mesmo ocorreu com a couve-folha. A colheita ocorreu aos 30 e 90 dias após o transplantio da alface e da couve-folha, respectivamente. Na cultura da alface foi avaliado a produtividade em toneladas por hectare, já na couve-folha foi avaliado a produtividade de cabeça em gramas. Foi avaliado também o uso eficiente da terra (UET) que compara os arranjos consorciados com o cultivo solteiro das culturas, segundo a fórmula proposta por Willey (1979). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância utilizando o aplicativo computacional de análise das variáveis ACTIOMTM, e suas médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados: A produtividade da alface apresentou 75,7ª e 69,42b, no plantio solteiro e no consórcio, respectivamente, confirmando que letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, o mesmo ocorreu com a couve-folha, onde 282,2ª e 259,5b, no plantio solteiro e no consórcio, respectivamente. Reforçando a grande eficiência do UET, onde obteve 1,92, ou seja, os valores superiores a 1,00 obtidos através da equação evidenciam que o consórcio em determinado arranjo é viável, pois produz uma quantidade superior de material vegetal que o cultivo solteiro, porém valores menores que 1,00 tornam o consórcio inviável.
Discussão: Já CECÍLIO FILHO & MAY (2002) em cultivo consorciado de alface e rabanete, verificaram maior produção de raízes comerciais de rabanete em sistema de cultivo consorciado, atribuindo o possível efeito favorável da alface na cobertura de solo, refletindo em menor estresse térmico por parte do rabanete.
Conclusão: As maiores médias de produtividade tanto no cultivo da alface quanto da couve, foram obtidos nos cultivos solteiros, isso pode ser devido a menor competição entre as plantas em relação ao cultivo consorciado.

Referências
ALTIERI M.A, SILVA E.M. & NICHOLLS C.I. O papel da biodiversidade no manejo de pragas. Ribeirão Preto, Holos. 2003. 226 p.
CECÍLIO FILHO, A. B.; MAY, A. Produtividade das culturas de alface e rabanete em função da época de estabelecimento do consórcio, em relação a seus monocultivos. Horticultura Brasileira, v. 20, p. 501 – 504, 2002
FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 420p.
REIS, A.M.; SUINAGA, F.A.; BOITEUX, L.S. & CABRAL, C.S. Competição de cultivares de alface crespa. III Jornada Científica da Embrapa Hortaliças, 10 e 11 de junho, Embrapa Hortaliças, 2013.
OLIVEIRA CARDOSO, M.; COHEN ANTÔNIO, I.; FASCIN BERNI, R. & KANO, C. Consórcio couve-de-folha (Brassica oleracea var. acephala) e cariru (Talinum triangulare) sob duas alternativas de fertilização em cultivo protegido. 2017.
HEREDIA ZÁRATE, N. A.; VIEIRA, M. C.; HELMICH, M.; HEID, D. M. & MENEGATI, C.T. Produção agroeconômica de três variedades de alface: cultivo com e sem amontoa. Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 4, p. 646-653, out/dez, 2010.
SALGADO, A.S.; GUERRA, J.G.M.; DE ALMEIDA, D.L.; RIBEIRO, R.L.D.; ESPINDOLA, J.A.A. & SALGADO, J.A.A. Consórcios alface-cenoura e alface-rabanete sob manejo orgânico. Pesquisa agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.7, p.1141-1147, jul. 2006.