TEOR DE MATÉRIA FRESCA E SECA DE BRAQUIÁRIA (Brachiaria brizantha cv. Marandu e Piatã) EM DIFERENTES TENSÕES DE ÁGUA NO SOLO
1DANILLO HENRIQUE LEME GOMES, 2DYOVANNA PALIN, 3ANDIRA PRICILA DANTAS, 4GIOVANA CAMILE DE OLIVEIRA, 5RENATO FERNANDO MENEGAZZO, 6ANA DANIELA LOPES
1Acadêmico Bolsista do PIBIC/UNIPAR
1Acadêmica do Curso de Engenharia Agronomica da UNIPAR
2Acadêmica do Curso de Engenharia Agronomica da UNIPAR
3Acadêmica do Curso de Engenharia Agronomica da UNIPAR
4Acadêmico do Curso de Doutorado Em Biotecnologia Aplicada A Agricultura - Turma V da UNIPAR
5Docente da UNIPAR
Introdução: Com a adoção e o aumento do sistema de plantio direto (SPD) nos solos brasileiros, houve o surgimento da necessidade de se obter cultivares forrageiras com elevado teor de produção de material vegetal, já que o sucesso desta técnica de plantio depende demasiadamente de uma boa cobertura vegetal (ALVARENGA et al., 2001. No estudo desenvolvido, as variedades analisadas foram a Brachiaria brizantha cv. Marandu e a Brachiaria brizantha - BRS Piatã, porém sua capacidade como planta para forragem pode ser afetada por fatores como solo, espaçamento, densidade de plantio, manejo e condições climáticas. (CASTRO et al., 2009).
Objetivo: Comparar os teores de matéria fresca e seca de duas cultivares de Brachiaria brizantha cultivadas sobre diferentes tensões de água no solo.
Material e Métodos: O experimento foi conduzido em casa de vegetação localizada no Campus III da Universidade Paranaense (UNIPAR), em Umuarama PR. O experimento foi instalado com delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x5, totalizando 10 tratamentos e com cinco repetições. Os tratamentos consistiram da combinação de duas cultivares de Brachiaria brizantha (cv. Marandu e BRS Piatã) e cinco tensões de água no solo, sendo elas: T1 = 5 kPa, T2 = 15 kPa, T3= 30 kPa, T4 = 45 kPa e T5 = 60 kPa. O tratamento T1 = 5kPa corresponde à umidade na capacidade de vaso, e sempre que atingida a tensão crítica de cada tratamento a umidade foi retornada até a capacidade de vaso. A necessidade hídrica da cultura foi monitorada com tensiômetros instalados na profundidade de 15 cm com leituras realizadas diariamente. Os dados foram coletados com tensímetro analógico portátil e transformados em potencial matricial. Noventa e cinco dias após a semeadura procedeu-se o corte de uniformização seguido pela primeira adubação de cobertura com N e P. Cinquenta dias após o corte de uniformização realizou o segundo corte, 20 cm acima do solo. Com a finalidade de se determinar as produções de matéria verde e as porcentagens de matéria seca ao ar (ASA), matéria seca em mufla (ASE) e matéria seca total (%) nos diferentes tratamentos experimentais, nos momentos dos cortes, foram retiradas amostras de forragens. As porcentagens de ASA e ASE foram determinadas de acordo com a metodologia descrita por (RODRIGUES,2010). Os dados foram submetidos à análise de normalidade, pelo teste de Shapiro-Wilk. Após a confirmação da parametricidade, foram avaliados pela Anova, a 5% de significância. Quando significativo pelo teste F, foram submetidos à análise de regressão para as tensões de água no solo e de Tukey para as cultivares em cada tensão, também a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas no programa estatístico Sisvar 5.6 (FERREIRA, 2011).
Resultados: Diferenças significativas (p≤0,05) foram observadas para as tensões de água no solo na produção de matéria verde em ambas as cultivares de B. Brizantha estudadas, sendo verificado a redução dessa variável com o aumento da tensão de água no solo. O aumento da tensão de 5 para 45 kPa resultou em diminuição na produção de matéria verde de 15,1 para 7,14 g, respectivamente, para a cv. Marandu. O mesmo efeito foi verificado para a cv. Piatã, onde verificou-se redução de 7,8 para 3,6 g, respectivamente, com o aumento da tensão de 5 para 45 kPa. Para a variável porcentagem de matéria seca ao ar (%ASA) observou-se interação significativa entre as cultivares e as tensões (p≤0,05). A cultivar que apresentou maior ASA (%) foi a cv. Piatã (21,26%) quando comparada a cv. Marandu (18,07%). O percentual de matéria seca em estufa (ASE%) foi significativo apenas para as tensões (p≤0,05), sendo que os valores variaram de 0,0 (60 kPa) a 91,30% (5 kPa). Para a variável percentual de matéria seca total (%MS) verificou-se interação entre as tensões e as cultivares (p≤0,05). A cv. Marandu apresentou 16,81% de matéria seca enquanto a cv. Piatã acumulou 19,59%.
Discussão: As tensões de água no solo promoveram diminuição na matéria seca verde do cv. Marandu e Piatã. É possível verificar também que, apesar do aumento das tensões de água no solo, a cultivar Marandu apresentou maior produção de matéria verde quando comparada à cultivar Piatã. De acordo com Steduto et al. (2012), a umidade crítica no solo para gramíneas corresponde a uma tensão de 40 kPa, dessa forma, a tensão de 60 kPa inibiu completamente a rebrota da planta para ambas as cultivares. Verificou-se neste estudo que com o aumento das tensões de água no solo, as variáveis avaliadas sofreram reduções significativas. Em tensões que resultam em umidade do solo próxima a umidade crítica, a absorção de água pela planta diminui, o que provoca a não manutenção do turgor nas células impedindo assim, a continuidade dos processos de crescimento vegetal (PETRY, 1991). A manutenção da umidade próxima à capacidade de vaso (tensão de 5 kPa), permitiu maior absorção de água pelas raízes das plantas, mantendo o turgor nas células e permitindo o crescimento vegetal, que por sua vez proporcionou um maior desenvolvimento de parte aérea, verificado nos maiores valores de massa verde. A eficiência na absorção de água diminui a relação C/N dos vegetais (TAIZ; ZEIGER, 2013).
Conclusão: Considerando os resultados obtidos, percebe-se que para utilização de matéria fresca, ou seja, pastoreio dos animais, a cv Marandu seria a mais indicada, no entanto, objetivando-se a produção de silagem, recomendaria-se a cv Piatã.
Referências
ALVARENGA, Ramon. Costa. et al. Plantas de cobertura de solo para sistema de plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 22, n. 208, p. 25-36, 2001.
CASTRO, Orlando. Melo De. et al. Atributos físicos e químicos de um Latossolo Vermelho eutroférrico sob diferentes sistemas de preparo. Bragantia, Campinas, v. 68, n.4, 1047-1057, 2009.
RODRIGUES, Ruben Cassel. Métodos de análises bromatológicas de alimentos: métodos físicos, químicos e bromatológicos. Embrapa Clima Temperado-Documentos (INFOTECA-E), 2010.
STEDUTO, Pasquale. et al. Crop yield response to water. FAO. Irrigation and Drainage, 2012.
TAIZ, Lincoln.; ZEIGER, Eduardo. Fisiologia vegetal. 5ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2013.